Uma interpretação transcultural
Persiga-a e ela sempre escapará de você;A palavra "aura" tem
origem grego latina (Lat. aura/aether; Gr. aura/aither), e significava um vento
brando e aprazível, aragem. Em medicina designa a sensação que precede uma
crise asmática ou epiléptica. No espiritismo foi definida como a
"atmosfera fluídica" em que vive o homem. Fluido, por sua vez, corresponde
ao éter propriamente dito, em conexão com os raios cósmicos – de fluxo
vertical, e os raios magnéticos, horizontais (campos) dos vegetais e (por
extensão) acidentes geográficos e/ou geomagnéticos. (Toledo, 1964).
Numa perspectiva de comparação
transcultural, o éter (em grego clássico: αἰθήρ, æther) é um elemento formador
das regiões do universo situadas além da esfera terrestre, na física
aristotélica, é relativamente distinto dos outros quatro elementos (ar, fogo,
água e terra) formadores do nosso mundo. Na cosmologia indiana o Éter,
akasha (em sânscrito: आकाश) é um termo para o espaço ou o
éter juntamente com Vayu (ar), Tejas (fogo), Jala (água) e Prithvi (terra).
Curiosamente o sistema chinês (Wu
Xing) “substitui” o éter por “madeira” (木 mù), considerando os
outros quatro elementos tal e qual os indianos e gregos, quanto ao fogo (火),
terra (土) e água (水), considerando também como
equivalentes o metal (金) e o ar (上), pois
este é o elemento do pulmão (肺
fèi) ou mar da respiração, região do jiāo (焦) superior do meridiano “tríplice
aquecedor” (三焦) e/ou do mar de Qi (氣ch'i), a energia celestial.
O ‘magnetismo’, por sua vez,
corresponde às primeiras acepções médicas europeias do período de concepção do lebensmagnetismus (magnétisme-animus) hipnotizador
idealizado por Franz Anton Mesmer (1734-1815), da eletricidade animal descrita
por Luigi Galvani (1737-1798) e da elaboração da doutrina espírita pelo magistrado,
Alan Kardec (1804 -1869). (Hothersall, 2006; Doyle, 2011)
Gerber, o célebre autor do best seller Medicina Vibracional, observa que muitos cientistas e historiadores
consideram erroneamente as experiências de Mesmer como hipnose, assinala também que as pesquisas de Mesmer, cuja
teoria é bastante parecida com os conceitos da medicina astrológica
desenvolvida por Paracelso (1493-1541) envolveram tanto o uso de imãs como a
imposição de mãos ou toque terapêutico – e que a cura pelas mãos é típica de muitas
técnicas de curandeiros, referida no papiro de Ebers, do antigo Egito (1552
a.C.), na Bíblia, na Grécia antiga, descrita por Aristófanes (447-385 a.C.) e
inclusive nos recentes estudos feitos sobre curandeiros/as famosas como Olga Worrall, (1906-1985) e outros por Bernard
Grad (1920-2010) da Universidade McGill no Canadá. (
Ainda segundo Gerber, para Mesmer os imãs usados na terapia
serviam essencialmente para conduzir um fluido etérico que emanava e seu corpo
e iria produzir efeitos curativos sutis nos pacientes. A esse fluido vital
denominou “magnetismo animal” diferenciando-o do magnetismo mineral ou
ferromagnetismo apesar da crença que estes possuíam uma natureza similar.
O "magnetismo" ou força magnética humana, na concepção espírita, envolve, a vontade (desejos), as ações (atos ou comportamentos) e o pensamento (Toledo, 1964), ou seja, os aspectos qualitativos e quantitativos da energia psíquica (Jung, 2002). Segundo Jung esta energia não é uma mera irradiação da excitação, mas uma escolha dos conteúdos psíquicos excitados, determinados pela qualidade de um núcleo de “complexos”, ou agrupamentos de elementos psíquicos reunidos em torno de conteúdos afetivamente acentuados, o que foi designado como “complexos” na psicologia analítica, e é uma escolha de conteúdos simbólicos (pensamentos) que não podem ser, naturalmente, explicados em termos energéticos, pois a explicação energética é quantitativa e não qualitativa. (Jung, 2002)
Por outro lado, estudos
experimentais com imãs, feito os realizados por Carl Reichenbach (1788-1869),
que identificou que alguns humanos (médiuns) conseguem localizar campos
magnéticos, de imãs ocultos em salas na escuridão absoluta, nos remetem a
dimensão quantitativa, biofísica da energia circulante no corpo humano. A
energia resultante da bioeletricidade cérebro/ cardíaca e do aumento de
temperatura associado à febre ou atividade metabólica.
Por analogia identificam-se
polaridades magnéticas no campo termoelétrico do corpo humano. Até que ponto
comparáveis às descrições dos meridianos chineses e aos aspectos Yin, Yang da
energia? As propriedades elétricas diversas das áreas adjacentes os acupontos:
condutância elevada, menor resistência, padrões de campo organizados e
diferenças de potencial elétrico.
Para Laplantine a metodologia de
análise comparativa, se confunde com a própria antropologia e é uma das mais
ambiciosas e exigentes, assinala o risco etnocêntrico de pensar ser
universalidades culturais as categorias lógicas provenientes apenas da
sociedade e cultura do observador, mas não invalida a comparação de achados
etnográficos realizados após a laboriosa identificação da lógica própria da sociedade
estudada (etnologia).
Ainda sobre o método comparativo,
Lévi-Strauss observa que a comparação de modelos estatísticos, resultantes da
descrição de muitas culturas (casos) e mecânicos resultantes de análises
aprofundadas de um caso, corresponde às diferenças entre a etnografia, história,
ambas baseadas na coleta e organização de documentos, enquanto que a etnologia
e a sociologia ou antropologia fundamentam-se na análise dos modelos construído
a partir e por intermédio dos documentos coletados e organizados.
(Lévi-Strauss, 2008)
Assim sendo, devemos procurar na
construção do(s) modelos(s) da aura humana nas fontes históricas de formação do
espiritismo/espiritualismo bem como os processos de aculturação e difusão
cultural identificando a contribuição original e própria de cada cultura,
parafraseando Lévi-Strauss ...a civilização mundial só poderia ser a coligação
de culturas, preservando cada qual sua originalidade...
REFERÊNCIAS
Doyle, Arthur Conan. História do espiritismo. SP: Ed.
Pensamento, 2011
Gerber,
Richard. Medicina Vibracional: uma medicina para o futuro. São Paulo: Cultrix, 1997.
Hothersall, David. História da psicologia. SP: McGraw-Hill,
2006
Huang-po apud: Shaun McNiff. (1995). Auras and their medicines. , 22(4), 297–305. doi:10.1016/0197-4556(95)00025-z
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/019745569500025Z
Jung, Carl G. A energia psíquica. RJ: Petrópolis, 2002
Lévi-Strauss, Claude. “Raça e História” in Antropologia
Estrutural II Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976
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Antropologia Estrutural. SP: Cosac-Naify, 2008
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a emblemática controvérsia da eletricidade animal. Investigações Em Ensino De
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https://aether.lbl.gov/www/classes/p10/aristotle-physics.html
Toledo, Wenefeldo de. Passes e curas espirituais. SP: Ed.
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http://espiritismoativo.weebly.com/uploads/3/1/4/5/31457561/passes_e_curas_espirituais__wenefredo_de_toledo_.pdf
Tsoucalas, Gregory; Sgantzos, Markos. Electric current to
cure arthritis and cephalaea in ancient Greek medicine. Mediterr J Rheumatol
2016; 27(4): 74-79 http://www.mjrheum.org/december-2016/newsid792/60
Wong, Ming. Ling-Shu, base da acupuntura tradicional
chinesa. SP: Andrei, 1995
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Discriminação das gravuras
A-B - Linha vertical, mediana do equilíbrio
C-D - Linha horizontal, mediana do homem
E - Centro mediano, ponto de equilíbrio da horizontal
F-G - Raios de força - paralelas verticais
H-I -Raios de força - paralelas horizontais
J-K - Corrente centrípeta, corre por fora
L-M - Corrente centrífuga, corre por dentro
N-O - Nuance interespacial das duas correntes
P-Q - Reflexos das vibrações do Espírito
R-S - Períspirito, ou duplo do homem
T-U - Aura material (fluido branco azulado)
V-X - Aura intelectual ou de amor (azul claro)
1 - Aura espiritual (toma a cor dos pensamentos)
2 - Atmosfera fluídica do homem
3 - Luz amarela -alaranjada do espírito quando em vibrações provindas de altas
esferas espirituais
(Toledo, 1964).
Esquema dos plexos nervosos vistos de perfil e representação
pictórica dos chakras e mapa dos meridianos
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VER TAMBÉM