Este texto foi adaptado de um
capítulo da monografia de especialização em acupuntura intitulado “O mar de dentro,
um estudo da concepção de cérebro, mente e espírito no sistema etnomédico
chinês”, orientado pelo biofísico e acupunturista Prof. Jurecê Machado no curso
de formação que ministrava, vinculado a Associação Brasileira de Acupuntura - seção
da Bahia, inaugurada por Dr Heackel Mayer. Elabora uma revisão das referências
às antigas descrições do “mar de medula”, relacionando este órgão que
corresponde a concepção chinesa de cérebro, às modernas aplicações da
acupuntura nas doenças nervosas (neurológicas, psiquiátricas ou psicológicas e
psicossomáticas).
O presente objetivo é a descrição
da concepção tradicional chinesa de mente ou consciência, enquanto função que
permite o pleno domínio das emoções e adaptação do indivíduo a seu ambiente - a
longevidade numa perspectiva materialista e a imortalidade numa concepção
espiritualista, dedutível pelo uso de um mesmo ideograma (shén) para mente e
espírito como veremos.
O exercício de algumas das
diversas técnicas de concentração e domínio da atenção ou meditação, que
conhecemos aqui no ocidente, tem origem no Taoísmo, no Budismo, nas religiões
tibetanas, e no Hatha Yoga indiano. Podem ser descritas como técnicas psicofisiológicas análogas, e são delas
derivadas. Dispensam apresentação, por exemplo, as conhecidas técnicas de
relaxamento progressivo e treinamento autógeno de Edmund Jacobson (1888-1983) e
Johannes Heinrich Schultz (1884-1970) onde está implícito reconhecimento da neurofisiologia
ou função cerebral da "consciência",
nestes exercícios e função que ocupa uma posição central na neuropsiquiatria
ocidental.
O interesse especial do estudo
neurofisiológico da acupuntura em estender-se às técnicas taoístas, também
designadas como alquímicas (da alquimia chinesa), não é apenas pelo exercício e
rigor de uma abordagem antropológica que explora a unidade e diferenciação
étnica dos povos asiáticos. Segue a clássica recomendação maussiana [2] de
análise do “fato social total” ou seja a
recomendação de que um estudo não deve limitar-se a comparação de um item isolado
ou um só aspecto de uma cultura.
Pode-se afirmar que o maior
interesse da acupuntura nesta seara da neurociência é decifrar o enigmático
conceito e ideograma do Shen que tanto pode ser entendido como espírito como
por mente – consciência, ligado ao coração. Um dos cinco aspectos mentais juntamente
com o Hun (alma etérea), o Po (alma corpórea) pertencente ao pulmão; Yi
(intenção, tendência) e o Zhi (memória) ligado ao rim e jing ancestral e à própria
mente (Shen). [3] Nesse texto nos ocuparemos do Shen comparando-o com as
possíveis interpretações da neurofisiologia ocidental e concepções indianas das
descrições de Patanjali.
Observe-se que nesta descrição
está o modelo de mente-consciência como função que regula o corpo (Po - alma corpórea), permite a imortalidade
(Hun -alma etérea) constituindo os desejos conscientes e tendências (Yi –
intelecto) e a memória e a aspiração (instinto de sobrevivência) ou o shen –
substância mental. Exploramos a relação desta com as emoções, meridianos e
cérebro (o mar de medula) em um outro artigo sobre tal concepção abstrata de
aplicações clínicas que é o objeto de nossa tese. No momento interessa-nos
apenas o entendimento do shen enquanto representação do que entendemos por
espírito – mente – consciência.
Como dito algumas das
"modernas" técnicas de intervenção no tônus muscular e controle da
tensão nervosa tem origem oriental e foram efetivamente incorporadas à medicina
ocidental (neuropsiquiatria), com os nomes de: auto-hipnose, hipnose,
treinamento autógeno, técnicas de relaxamento progressivo. Entre as formas de
interpretação de tais efeitos ainda se utiliza o referencial teórico da
neurofisiologia russa (pavloviana) sobre atividade nervosa superior, estados de
fase e a consciência, [4, 5] Embora
grandes avanços se registrem no que atualmente designamos por funções
executivas; “atividade da rede neural de modo padrão” (DMN Default Mode
Network); [6] ou mesmo na própria neurofisiologia russa que relaciona os
mecanismos da atenção (a unidade do tono, vigília e estados mentais) aos
sistemas de assimilação - processamento (unidade de receber, analisar e
processar informações) e execução de ações (unidade de programar, regular e
verificar atividades), as três unidades funcionai propostas por A. R. Luria
(1903-1978) para descrição da organização cerebral das atividades mentais. [7]
Contudo neste texto interessa nos
o registro de que são essencialmente semelhantes: as descrições orientais (chinesas
e indianas) de consciência e suas variações, e as descrições ocidentais da consciência
(atividade nervosa superior) e seus estados fásicos, detectáveis no
eletroencefalograma. A consciência compreendida como frequência de ondas
presentes entre a vigília e o sono, a saber: o estado de alerta; o estado alfa;
o sono com sonhos (REM - Rapid Eyes Movement), o sono sem sonhos NREM (Non-Rapid
Eyes Movement) e o estupor - coma.
Uma diferença básica entre essas
concepções é observada quanto a diferenciação dos graus de estupor e coma
(escala Glasgow) no ocidente. Alguns autores distinguem ainda os estados de letargia, também semelhante à estado homônimo obtido por hipnose e anestesia ou, se forem mais graves, obnubilação (pré comatosa). Ainda se pesquisa a existência ou desenvolvimento de estados metabólicos
semelhantes à hibernação e/ou a crença na vida sem batimentos cardíacos e
respiração nos estados catalépticos dos yogues e faquires no oriente. Pouco se sabe também sobre os estados de delírio, consciência alterada e ampliada.
Esta constatação nos situa então diante de dois grandes problemas que apenas a metodologia etnohistórica não parece ser suficiente (1) a comparação de crenças ou sistemas etnomédicos orientais (asiáticos) e (2) a comparação destes com pesquisas e teorias da medicina cosmopolita ocidental.
Esta constatação nos situa então diante de dois grandes problemas que apenas a metodologia etnohistórica não parece ser suficiente (1) a comparação de crenças ou sistemas etnomédicos orientais (asiáticos) e (2) a comparação destes com pesquisas e teorias da medicina cosmopolita ocidental.
Segundo Tierra especialista em
medicina oriental e tradutor de "Tao e Dharma" de Robert Svoboda e
Arnie Lade, [8] um livro que explora as semelhanças e diferenças entre a
medicina chinesa e ayurvedica, a distinção entre esses sistemas foi acentuado
pelo modo como foram incorporados ao ocidente nas décadas de 70 e 80. Para
acupuntura, onde se caracteriza uma abordagem físico-materialista houve um
esforço desde a China para adaptar esta ao materialismo comunista chinês
enquanto que a medicina ayurvédica acompanhou a trajetória da Yoga indiana
acolhida pela filosofia espiritualista.
Svoboda e Lade apontam o uso do
conceito de energia vital como
principal elemento unificador e destacam a difusão do Budismo como elemento
facilitador do intercâmbio entre esses sistemas reconhecendo porém o caráter
empírico e particular de cada sistema.
Por outro lado, numa
perspectiva da integração do
conhecimento produzido na cultura chinesa à atual medicina cosmopolita, apenas
se inicia o interesse ocidental de psiquiatras (psicanalistas) por essa
corrente mítico – religiosa. Na década de 1930 houve a tradução e comentário do
“Segredo da Flor de Ouro” por Richard Wilhelm (1873-1930) e Carl Gustav Jung (1875-1961)
e mais recentemente Alan Watts (1915-1973) escreveu o livro ”Psicoterapia
oriental e ocidental” numa retomada deste interesse na década de 70. Pode-se
dizer que houve também uma incorporação e difusão da acupuntura distinta da
abordagem médica, físico-materialista, contudo também não plenamente aceita
como científica, a contragosto dos representantes da psicologia analítica e contracultura
com suas medicinas alternativas.
Segundo Jung é nesse importante
texto, “A Flor do Ouro” que encontramos uma clara reflexão sobre a consciência,
no seu sentido mais amplo e profundo incluindo as paixões, exigências
instintivas e o caminho ou forma de
libertação dos opostos, segundo ele, comparáveis à psicoterapia ocidental
(individuação). Atribui a esse livro (O segredo da Flor de Ouro) e ao Livro
Tibetano dos Mortos (Bardo Thödol) seu interesse e compreensão da alquimia (européia)
como um caminho de auto – conhecimento. [9]
A descrição oriental detalhada do
espírito, (o que inclui as formas de pensamento e controle corporal) e do
processo em que a alma se separa do corpo, são os objetos desse saber. Para
Jung assim deve ser interpretado o texto tibetano utilizado em rito fúnebre da
grande libertação no Tibet - o Bardo Thodol que significa literalmente a libertação pelo entendimento da vida após a
morte..
A avaliação das possibilidades de
perceber e conhecer o Eu verdadeiro independente dos condicionamentos dos
órgãos dos sentidos, hábitos de raciocínio e os conjuntos de arquétipos e
complexos de idéias do universo da psique são claramente detalhados nos textos
orientais e ainda segundo o autor de uma psicologia do oriente e ocidente,
excepcionalmente úteis para compreender os fenômenos de alteração da
consciência, o sofrimento da psicose e transtornos mentais.
Contudo os textos orientais ainda
nos parecerão enigmáticos se vistos apenas como mítico – religiosos, embora nos
obriguem a pensar sobre a realidade de sua aplicação à prática clínica. As técnicas do yoga e acupuntura, por exemplo
são utilizadas a milhares de anos e naturalmente houve um acumulo de
experiência empíricas, conhecimento, que talvez provenham unicamente dessas
experiências (?) como querem os cientistas apegados ao paradigma do
materialismo científico.
a sabedoria da racionalidade mítica
Observe-se que a distinção entre
mito e ciência, analisados á luz da antropologia estrutural, se realiza a
partir de sua fundamentação na percepção (ciência ocidental) e na introspecção
(mito) segundo Levi Strauss em seu clássico
Pensamento Selvagem.
Em nossa revisão, vale registrar,
encontramos este fragmento de texto abaixo citado, que traz uma outra interessante
coincidência, trata-se da descrição do método da introspecção utilizado no
pensamento “mítico” chinês. No caso utilizado para "observar-se" e
conhecer a mente ou shen - o espírito que comanda o hsing (corpo).
Lê-se no “livro do imperador
amarelo”, o mais antigo compêndio da medicina tradicional chinesa:
"O shen não pode ser
escutado com o ouvido, o olho deve ser brilhante de percepção e o coração deve
ser aberto e atento para que o espírito se revele subitamente através da
própria consciência de cada um. Não se pode exprimir pela boca; só o coração
sabe exprimir tudo quanto pode ser observado. Se presta muita atenção, pode-se
ficar a saber subitamente, mas também pode-se perder de repente esse saber. Mas
shen, o espírito, torna-se claro par o homem como se o vento tivesse varrido as
nuvens. Por isso se fala dele como do espírito."
Observe-se a semelhança com as
técnicas de meditação e auto observação que, como comenta Eliade, conduziu ao
desenvolvimento de uma psicologia na Índia, que reconhece pelo menos quatro
estados de consciência: a diurna; a dos sonhos; a do sono sem sonhos; e a
cataléptica; experimentadas racionalmente por exercícios respiratórios e de
atenção que permitem o acesso lúcido a cada um desses estados correspondentes a
uma freqüência respiratória.
Sem as medidas do
eletroencefalograma os indianos (e talvez os chineses) identificaram e tem
propostas de intervenção nos fenômenos bio-elétricos mapeados por esse
aparelho, inclusive dos estados de anestesia (ondas teta e delta), não
mencionados por Eliade mas conhecido por faquires com suas técnicas de
meditação e acupunturistas com suas agulhas e ervas.
Observe-se porém que a concepção
chinesa envolve cinco aspectos distintos da concepção indiana e pavloviana de
estados fásicos, mas também se adéqua à prática das técnicas de meditação,
embora explore o controle das regulações orgânicas (e existência extra
corpórea) distinguindo alma etérea e corpórea (Hun e o Po) e os diversos
aspectos ou qualidades do Chi, a esfera dos desejos (Yi reflexão) e a memória e
força de vontade (Zhi). Um modelo sem dúvida mais complexo, mas ainda por ser
decifrado em comparações étnicas e neuroantropológicas que articulem as emoções
e a regulação orgânica.
Os exercícios de meditação
relativamente semelhantes ao que conhecemos como técnicas de treinamento
autógeno que são conhecidos e amplamente divulgados com dezenas de variações em
escolas indianas, chinesas e tibetanas precisam ser devidamente estudados na
ótica de uma possível etnopsiquiatria ou neuroantropologia.
a essência, o corpo e a mente
Os chineses concebem o homem como
um microcosmo, o homem é um elemento de
conjunção dos pares contrapostos, Céu - Homem – Terra, que constituem os 3
principais elementos do mundo, o eixo yin / yang dos San Tsai (Tan T'ien). Essa
imagem segundo Jung é uma representação antiqüíssima que de uma forma semelhante em diversas
regiões, cita como exemplo o mito africano ocidental de Obatala e Odudua (Céu e
Terra) pais primordiais, que jazem em uma cabaça até que um filho, o homem
surge entre eles.
O homem tal como um microcosmos, encerra
a conjugação em si próprio dos contrastes e da dualidade. A tarefa de
libertação no pondo de vista oriental e da psicoterapia ou individuação na
proposição Jungniana é compreender este processo ou sua origem. Ambas concepções se constituem como caminhos
de trazer calma e paz de espírito, (harmonia com o Tao) condição essencial para
manutenção e recuperação da saúde.
Acupuntura requer portanto o
conhecimento e concepção de espírito? O Shen referido, denota um aspecto
imaterial do ser - o espírito, equivalente à psique? A mente ou psique é um
instrumento de transformação de símbolos - a energia psíquica. Na concepção
jungniana das técnicas de meditação/libertação.
Numa concepção mais restrita a
expressão Shen (às vezes traduzido por espírito e as vezes por sentimento)
designa a manifestação exterior da vitalidade do corpo e em um sentido estrito
representa a consciência que comanda o Coração e atividade mental. Esta
compreensão está associada no referido sistema conceitual dos San Tsai (Tan
T'ien) ao Jing (traduzido como essência ou Chi ancestral) que corresponde ao meridiano,
e funções do rim na acupuntura e também o que os indianos conhecem como
"karma" e nós (ocidentais) como determinação genética, na medida em
que descreve nossa vitalidade como potencial herdado. O Qi, na acupuntura
assume muitas formas ou significados condizentes com a função que exerce em
cada momento.
O diagrama, abaixo referido, mostra a relação entre o Shen, Jing e órgãos
responsáveis pela assimilação e distribuição da energia Qi do ar e alimentos. O Tien
é o princípio cósmico imaterial; Qi,
“ a raiz do homem”, (seu ideograma pode ser decomposto em grão de arroz e vapor)
e Jing é a energia ancestral que se
conserva no meridiano dos rins.
O Qi circula em um fluxo interno, transforma a essência do
alento e a energia espiritual (shen). Atravessa os campos de transformação os 3
(san) jiao: shang Jiao (alto - suspender);
zhong Jiao (meio) e Xia Jiao
(baixo inferior) conforme a Doutrina Médica Chinesa, segundo o Huangdi Neijing
obedecendo as leis as leis do Yin/Yang e
dos 5 elementos.
o espírito e o
coração
Como é amplamente conhecido um
grande numero de povos, inclusive nas nossas concepções populares e cristãs,
atribui-se os sentimentos e algumas funções da mente ao coração. Segundo as
antigas teorias expressas por exemplo no Ling Shu (parte integrante do livro do
imperador amarelo) é o coração que “reúne o espírito”. O coração comanda vasos
e encerra o pulso e o pulso é a morada do Shen. O ponto que localiza-se nessa
região do braço correspondente ao meridiano do coração chama-se Porta do
espírito (Shen Men)
Na pratica da acupuntura, talvez
numa dimensão não apensas simbólica, mas exercida com o uso de agulhas em
pontos específicos ... acalmar o coração
é uma forma de acalmar o espírito.
Sabemos entretanto que textos
mais recentes do sec. XVI e XVIII já
reconhecem como do cérebro as funções da memória e inteligência e percepções
decorrentes dos órgãos dos sentidos. Na época Ming, Li Zhi Zhen (1518-1593)
afirmava que o "cérebro" é a morada do Shen original (Yuan Shen) ou
espírito.
Essa "descoberta" porém não
constituiu uma contradição às tradições que também afirmava que o espírito e o
cérebro estão unidos pelo sangue ("O Qi empurra o sangue (Xue). O sangue
nutre o Qi"). Além do que como pode
ser constatado em qualquer manual de acupuntura moderno existem estratégias de
diagnóstico e tratamento com agulhas, moxabustão e ervas medicinais para as
diversas patologias neurológicas, psiquiátricas ou psicológicas e
psicossomáticas diagnosticadas como doenças nervosas no ocidente desde a evolução
da medicina hipocrática (a quem se atribui a descoberta da relação entre o
cérebro e a mente) em direção a medicina ocidental cosmopolita.
Entre as primeiras iniciativas de
integração da medicina tradicional chinesa com a medicina ocidental deve-se
destacar as contribuições da Revolução Cultural e Ministério da Saúde Pública
da República Popular da China, propondo estrategicamente a criação de
profissionais de nível médio versados em medicina tradicional chinesa e saúde
pública, denominados Médicos de Pés Descalços e principalmente um caminho para
sua formação onde se destaca a revisão do ensino da acupuntura. Foi elaborado o
“livro dos quatro institutos” uma reunião das diversas tendências e escolas de
acupuntura (Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Beijing; Escola de
Medicina Tradicional Chinesa de Shanghai; Escola de Medicina Tradicional
Chinesa de Nanjing; Academia de Medicina Tradicional Chinesa).
Um livro que também re-apresentou
a acupuntura ao ocidente e já incluía as concepções de patologias do ocidente,
em nosso caso a histeria, distúrbios mentais depressivos e maníacos além de
diversos sinais e sintomas de doenças neurológicas e psicossomáticas tipo
insônia, ansiedade, impotência, ejaculação precoce, enurese noturna etc.
Não se deve esquecer também que
os chineses antigos já reconheciam o órgão cérebro (mar de medula) e lhe
atribuíam funções próximas das modernas concepções. Lê-se no Ling Shu:
..." o mar da medula em excesso
significa um relaxamento muscular que ultrapassa a medida"... O que
pode muito bem ser referências ao coma, estupor ou paralisia flácida numa
escala de gradações do relaxamento e
..."o mar de medula em insuficiência provoca zumbidos de ouvidos com
atordoamento do “cérebro” (vertigens). Observa-se dores intensas nas pernas,
vertigens e perturbações na vista. O relaxamento incita ao sono"...
Enigmáticas entretanto continuam
as relações entre este órgão e a mente, tanto para os gregos tal como
evidenciam as divergências entre Hipocrates (460 – 370 a .C.) e Aristóteles (384-322 a .C.) como para a moderna neurociência que
ainda se vale de distintos modelos (a exemplo dos citados acima derivados da
concepção pavloviana) utilizados nas distintas especialidades médicas
(neurologia, endocrinologia, psiquiatria, anestesia, fisiatria, foniatria) e
paramédicas (psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia etc.) entre as quais está
se inserindo o profissional de acupuntura.
Para alguns patologias autores
modernos tem pesquisado equivalências aos desequilíbrios e agravos descritos na
medicina chinesa antiga (a exemplo da síndrome dian kuang considerando a forma de classificação das emoções, (ética de relações
interpessoais), a mente - espírito e o comportamento adequado (inclusive
dietético) nas diversas estações do ano, um equilíbrio entre fatores internos e
externos como se aprende nos ensinos de Huang di, o “Imperador Amarelo em
dialogo com seu médico e aprendiz Qi Po.
Referências
1 COSTA Paulo Pedro P. R. O "mar de dentro" um
estudo da concepção de cérebro, mente e espírito no sistema etnomédico chinês. Monografia
para conclusão do Curso de Acupuntura Sistêmica e Auriculoterapia na Escola
Científica de Acupuntura - CLIMA
filiada à Associação Brasileira de Acupuntura seção
Bahia tendo como Orientador: Prof.
Jurecê J. Machado. Salvador, julho de
2000
2 MAUSS Marcel. Sociologia e antropologia. SP: Cosac Naiify,
2003
3 MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da medicina chinesa.
SP: Roca, 2015
4 PAVLOV, Ivan P. O problema do sono (1935) in: PAVLOV, Ivan
P. Reflexos condicionados e inibições. RJ: Zahar, 1972
5 ASTRUP, Christian. Psiquiatria pavloviana, a reflexologia
atual na prática psiquiátrica. RJ: Atheneu, 1979
6 RAICHLE, Marcus E. A energia escura do cérebro. Scientific
American Brasil, Edição especial neurociência 1; (26-31), fevereiro – março de
2014. São Paulo
7 LURIA, Aleksandr R. Fundamentos de neuropsicologia. RJ:
Livros Técnicos e Científicos. SP: EDUSP, 1981
8 SVOBODA, R; LADE, A. Tao e Dharma, medicina chinesa e
ayurveda. SP: Pensamento, 1998
9 JUNG, Carl G. Psicologia e
religião oriental. RJ: Zahar, 1986
10 ELIADE, Mircea. Yoga:
imortalidade e liberdade. SP, Palas Athena, 1996
11 ELIADE, Mircea. Patañjali e o
Yoga. Lisboa: Relógio d’água, 2000
12 WANG, Bing
Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Dinastia Tang – Edição
bilíngue). SP, Ed Ícone, 2001
ver também
NEI CHING, O livro de ouro da medicina chinesa, RJ,
objetiva. reedição da primeira tradução para língua portuguesa publicado por
Editora Minerva, Pt, 1940
LING – SHU, Base da acupuntura da medicina tradicional
chinesa. Tradução e comentários de Ming Wong. SP, Andrei, 1995
JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. RJ: Zahar, 1974
JUNG, C.G. O segredo da flor do ouro, um livro de vida
chinês. RJ, Vozes, 1992
LEVI-STRAUSS, C. O Pensamento Selvagem São Paulo, Companhia Ed Nacional, 1976
LEVI-STRAUSS, C. O Pensamento Selvagem São Paulo, Companhia Ed Nacional, 1976
LEVI-STRAUSS, C. A Natureza do Pensamento Mítico, IN: A
Oleira Ciumenta São Paulo, Ed Brasiliense, 1986
MAIESE, Kenneth. Visão geral de coma e consciência prejudicada. Manuais MSD / Merk. https://www.msdmanuals.com (acesso em Junho de 2018)
MAIESE, Kenneth. Visão geral de coma e consciência prejudicada. Manuais MSD / Merk. https://www.msdmanuals.com (acesso em Junho de 2018)
WATTS Alan W. Psicoterapia oriental e ocidental. RJ, Record, 1972
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