sábado, 5 de setembro de 2009

Ásia 亞洲

A medicina tradicional chinesa (em chinês 中醫, zhōngyī xué, ou 中藥學, zhōngyaò xué), é a denominação usualmente dada ao conjunto de práticas de medicina tradicional em uso na China, desenvolvidas ao longo dos milhares de anos de sua história.

Paradoxalmente subdivide-se em escolas e especificidades de experiências ou tradições que ainda podem ser constatadas quando se estuda diferentes autores, segundo suas origens ou formação. O Ministério da Saúde Pública da República Popular da China contornou essa pluralidade de concepções, quanto a detalhes da aplicação de agulhas, diagnóstico de patologias das distintas concepções etno-regionais, etc., estabelecendo uma nova base de pesquisa empírica a partir do treinamento dos "médicos de pés descalços", (atualmente “médicos rurais”) e da publicação do Livro dos Quatro Institutos que reuniu as experiências e tradições da Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Beijing; Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Shanghai; Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Nanjing e Academia de Medicina Tradicional Chinesa, um livro amplamente divulgado na China e em todo o mundo.

Não poderíamos fugir dessa complexidade pois a China é a mais antiga das grandes Nações, as dimensões de sua tradição são mais de 5000 anos de historia, é o terceiro maior país da terra em extensão territorial (9,56 milhões de Km2) e a mais povoada nação do mundo (1,3 bilhões de habitantes) subdivididas em 56 Etnias, 55 destas (com 60 milhões de pessoas) reconhecidas oficialmente com seus costumes e estilos de vida, cercadas pela população majoritária (93%) que se considera chinesa e se auto denomina Han (originária de um grupo do norte que dominou a China por 400 anos). Apesar de possuir distintos idiomas do ramo ramo sino-tibetano e dialetos, a comunicação entre eles tornou-se possível pela utilização de uma mesma escrita, que, como se sabe foi e é um poderoso fator da unidade cultural e política, introduzido oficialmente durante o breve governo da dinastia Qin 秦朝 por volta de 200 a.C. seguido e mantido pela dinastia Han 漢朝 (206 a.C. até 220 d.C) sendo esse possivelmente um fator de sua hegemonia

Por outro lado o entendimento da da medicina tradicional chinesa (MTC) também se insere no conjunto asiático (grego asiático) – Medicinas Antigas bem como os sistemas médicos tradicionais do Japão, da Coreia, da Índia e Tibete que formam a nossa concepção ocidental de "Medicina Oriental". Observe-se também, como assinala Corral, a Medicina Tradicional Oriental não é somente uma medicina e sim uma tradição minuciosamente transmitida através de conceitos universais do lugar existencial do homem. Suas remotas origens de mais de 5.000 anos, antecedem a concepção de “China” (中国)e podem ser consideradas pertencentes a todo oriente. Apesar da complexidade de se analisar o maior dos continentes, que conta atualmente com cerca de 50 países e cerca 2.000 línguas, estes possuem uma origem e muitos costumes semelhantes, possivelmente induzidos pelas grandes religiões (islamismo, hinduísmo, budismo, taoismo, xintoísmo etc.) e formações imperiais que dominaram aquelas populações. Observe-se também que algumas técnicas tipo os usos específicos de plantas medicinais e a própria acupuntura, foram mantidos ou reintroduzidos recentemente.

Alguns autores, por sua vez, exploram as possíveis conexões entre a China antiga e o Ocidente enquanto uma possibilidade de comparação a exemplo do sinólogo Joseph Needham (1900-1995) que a compara a MTC à medicina hipocrática inclusive como estratégia de tornar seus conceito mais acessíveis aos ocidentais. Merecem ser citados também os trabalhos de Madel Luz e Svoboda & Lade, entre outros, que reconhecem na MTC e na medicina ayurvédica o paradigma da energia vital.


----------------------------- xxxxxxxxxxxxxxxxo

Referências

China, Ministério da Saúde. Fundamentos essenciais da acupuntura chinesa (Livro dos Quatro Institutos) – Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Beijing; Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Shanghai; Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Nanjig; Academia de Medicina Tradicional Chinesa. SP, Ed. Ícone, 1995

Corral, José Luis Padilla. Fundamentos da medicina tradicional oriental: Curso de acupuntura. SP, Roca, 2006

Gabriela Torres. Descifrando la medicina ancestral asiática. BBC Mundo Salud Martes, 19 de marzo de 2013 http://www.bbc.co.uk

Gwei-Djen Lu; Needham, Joseph. Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa. UK, Cambridge U. Press, 1980. Disponível no Google Books

Haesbaert, Rogério. China, entre o ocidente e o oriente.SP, Ática, 1994

Luz, Madel T. Natural, Racional, Social ; Razão Médica e Racionalidade Científica Moderna, Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1988

Svoboda, Robert; Lade, Arnie. Tao e Dharma, medicina chinesa e ayurveda. SP, Pensamento, 1998


oxxxxxxxxxxxxxxxx -----------------------------



Um comentário:

Paulo Pedro disse...

Em 1945, a Europa imperial cedeu a supremacia de suas colônias aos Estados Unidos e à União Soviética. Qual seria o lugar reservado ao chamado Terceiro Mundo? Esta foi a grande pergunta levantada na Conferência de Bandung, em 1955.

Em 1989, as Nações Unidas reconheceram duzentos e quatro países, cada um com sua bandeira, seu hino e sua independência. Mas, isso era tudo o que havia de comum entre eles: oitenta e cinco destes países enfrentavam problemas dramáticos. Evidentemente, os países ricos não são imunes a crises... não raro, das mais terríveis. Apesar da pobreza que aumenta e da miséria que ainda sobrevive nas nações industrializadas do hemisfério norte, a expectativa de vida, nestas regiões, ainda é de setenta anos. Em outras áreas, nos países em desenvolvimento, no hemisfério sul, não chega a cinqüenta anos. O padrão de vida no norte é cem vezes superior ao do sul. O conforto material, sem dúvida alguma, é um dos fatores que influenciam a média de longevidade, mas há muito tempo o bem-estar de alguns vem sendo obtido às custas do sacrifício dos outros.

Durante séculos, muitos dos países do sul foram colônias de algumas potências do norte. E, durante todo este tempo, foi preciso empregar a força, várias vezes, para controlar o ímpeto popular em seu anseio por autodeterminação. Sofrendo sob a dominação não apenas econômica, os países do sul, não raras vezes, tiveram também de enfrentar o racismo e o medo de seus senhores. Certa vez, uma voluntária, perguntada por que amava a África e se desejava ajudar o povo, respondeu que desejava ajudar os europeus, porque os negros "não valiam o sacrifício". Esta opinião, mais ou menos generalizada, comprometeu em grande parte os resultados da grande conferência entre países do norte e do sul.

Em 18 de abril de 1955, em Bandung, na Indonésia, reuniram-se, numa conferência internacional, vinte e nove países da Ásia e da África. Era a primeira vez que se reuniam. O primeiro-ministro da Índia, Nehru, que combatera, ao lado de Gandhi, a dominação inglesa, estava presente, ao lado do presidente Nasser, do Egito, de Chou En Lai, premiê da República Popular da China, do imperador Haile Salassié, da Etiópia, e dos reis do Marrocos e do Cambodja, entre outros. Alguns tinham um passado de revolucionário, mas todos estavam reunidos em Bandung para se lançar à guerra contra o subdesenvolvimento. Evidentemente, condenaram o racismo e a dominação colonial. Mas, o Ocidente não entendeu com clareza a mensagem enviada de Bandung.

Do palanque, Chou En Lai fez acenos na direção dos Estados Unidos. Em nome dos vinte e nove países presentes à conferência, ele propôs aos americanos uma declaração de co-existência pacífica, de igualdade racial e de reconhecimento ao direito de soberania de todas as nações. Os americanos recusaram o convite. O Ocidente deixou passar, sem saber aproveitar, a primeira oportunidade de diálogo com o Terceiro Mundo.

http://cmais.com.br/aloescola/historia/cenasdoseculo/internacionais/conferenciadebandung.htm